Lendo
o artigo do competente jornalista Fábio Campos – O Povo
19/01/2014 – intitulado “O "rolé" como via
revolucionária, onde ele questiona a postura da esquerda, que parece
ter esquecido sua trajetória de luta e agora volta-se ao apoiamento
da massa funkeira como alternativa de protesto social. E diz
textualmente: “sou de um tempo em que a esquerda se mobilizava para
fazer grupos de estudo e conquistar no gogó o apoio da classe
operária e dos mais pobres (mas, só conseguíamos atrair um punhado
da classe média). Agora, estimula-se a revolução sob o som do funk
e suas letras consumistas, quando não violentas.”
Parece-me
que desde a queda do Muro de Berlim, em que a intelectualidade
mundial ficou perplexa, a história tem mudado sua trajetória, e com
o acesso das esquerdas ao poder gerencial do capital, o mote das
reivindicações passaram por grandes transformações. É bom
lembrar que os movimentos sociais sempre foram pautados nas ações
cotidianas dos trabalhadores em comum acordo com as ideias da
intelectualidade defensora das transformações sociais. Quando uma
destas partes não está em consonância com a outra, os movimentos
reivindicatórios perdem o sentido, pois não há movimento apenas na
prática sem as teorias e vice-versa.
Com
os sindicatos atrelados ao poder gerencial, os trabalhadores perderam
o mote da coletividade e a individualidade como premissa do capital
passou a ganhar ostentação fazendo uso do vocábulo da moda. Neste
contexto os movimentos ganharam forma na rebeldia juvenil de junho de
2013, começando pelos vinte centavos da passagem de ônibus no
Movimento Passe Livre em Sampa e durante toda a “Copa das
Reivindicações”, deixando de lado as força tradicionalmente
organizadas e invadindo as ruas da cidades com alegria, força e
vitalidade.
Será
que o futuro das manifestações humanas irá trilhar apenas a força
irreverente da juvenil adolescência, sem compromissos maiores com
as teorias sociais históricas, negando assim a força da
intelectualidade como contra peso dos movimentos sociais? Hoje a
periferia se apresenta socialmente nos Shopping Centers das cidades
em suas manifestações denominadas de “rolezinhos” e causa um
certo alvoroço social. De um lado os defensores do “Status Quo”
apavorados e do outro lado, estão aqueles remanescentes dos
movimentos sociais encarando tais manifestações como
revolucionárias, e de certa forma, são. Pois estão mudando
radicalmente o agir na sociedade.
Nesta
parafernália conflituosa da contemporaneidade, algumas indagações
se fazem necessárias: se os movimentos “funkeiros” da ostentação
são a vanguarda revolucionária, como fica a intelectualidade no
contexto formador de ideias sociais? Se a rebeldia juvenil, via redes
sociais, constroem fortes movimentos reivindicatórios, qual o
significado organizacional dos antigos sindicatos? E por último,
vale a pena estudar?
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