terça-feira, 2 de maio de 2017

Belchior em Palavras e Versos


Talvez hoje mais uma vez você me pergunte por onde andei e lhe confesso meu amigo que meus vinte e cinco anos de América do Sul certamente transbordaram o tempo em que você sonhava, pois nas paralelas do destino vivi a fúria das cidades grandes e até soltei a minha voz na noite d'um cabaré sem interesse maiores das teorias momentâneas e nem nas suas fantasias, pois amar e mudar as coisas são bem mais interessantes que cravos e espinhos no rosto e que “El condor passa sobre os Andes e abre as asas sobre nós.

Meu bem não pense em Paz, pois meu coração selvagem tem essa pressa de viver e ao trilhar caminhos errados possa nem justificar meu olhar lacrimoso que agora trago e tenho. Confesso que faz tempo, muito tempo que estou longe de casa e sem aquele velho blusão de couro, sem minha rede branca e sabendo que minha normalista linda está em outros campos bem distante de um estudante nordestino que mesmo angustiado como um goleiro na hora do gol, vive a emoção da paixão e filosofando aos quatro cantos tenta gozar no Céu ou inferno da efemeridade, pois o passado já não nos serve mais e que uma nova mudança em breve vai acontecer meu amigo.

Mesmo não lhe falando das coisas que aprendi nos discos, a minha história é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte que no Sul viveu na rua. Assim, quero que saia do meu caminho, pois não preciso que me digam de que lado nasce o sol. Eu sei que a felicidade é uma arma quente e, presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte que na hora do almoço sente um certo medo, seu moço. Eu não sou do sertão dos esquecidos, conheço o meu lugar e quero uma balada nova, pois nossas esperanças de jovem não aconteceram neste presente instante e senão sangrar será uma grande ironia do meu coração que mesmo vivendo assim, não me esqueceu de amar.


Crédito Foto: Internet - arte: Airton Amaral