segunda-feira, 29 de abril de 2013

Marx e a Ideologia Alemã


           Os pressupostos de história de Marx, neste livro são baseados em uma visão materialista do desenvolvimento histórico.
      O livro “A Ideologia Alemã” critica as posições dos filósofos neo-hegelianos que tendem a uma interpretação dos fatos históricos através de representações abstratas formuladas segundo princípios racionais e não na observação empírica dos fatos.
         Os principais representantes do pensamento alemão criticados por Marx são Feuerbach, no aspecto religioso, Bruno Bauer, no aspecto político e Stiner no aspecto social.
           A oposição entre a concepção materialista e a idealista é o ponto de partida para a crítica do sistema hegeliano. Marx critica violentamente a ideologia hegeliana e suas formas de representação da realidade.
       A teoria marxiana procura explicar o desenvolvimento dos fatos históricos a partir da satisfação das necessidades materiais básicas dos homens, os meios da vida, que são necessários a sobrevivência do indivíduo.
        As fases do desenvolvimento da divisão social do trabalho representam outras formas diferentes de propriedade. A primeira forma de propriedade é a tribal, a segunda forma é a comunal, a terceira forma é a feudal.
           Os três pontos básicos que Marx defende em relação à explicação da história são os seguintes: os homens devem estar em condições de viver para poder fazer a história, ao atingir esta situação surgem novas necessidades e ao mesmo tempo vão surgindo novos indivíduos, novas famílias e novas necessidades.
          Sobre a produção da consciência, Marx interpreta que toda concepção histórica ou tem omitido esta base real da história, ou tem considerado como algo secundário.
        Na realidade, para o materialista prático trata-se de revolucionar o mundo existente, de atacar e transformar o estado de coisas que encontrou.
          O comunismo distingue-se de todos os movimentos anteriores pelo fato de que subverte os fundamentos de todas as relações de produção e de intercâmbio anteriores e de que aborda pela primeira vez todos os pressupostos naturais como criação dos homens que nos precederam.
          A luta de classes é o motor que impulsiona a história em direção a um sistema social mais justo e humano.

Educação de Qualidade, é Preciso e Urgente!


         Vivenciamos durante a última semana (25 a 28), uma mobilização pela valorização dos professores, através da 11ª Semana de Ação Mundial e se vislumbra a criação de uma Comissão mista para Fiscalizar e Acompanhar o Desenvolvimento de Políticas Públicas com ênfase para a Educação, garante os Congressistas, nas pessoas dos Presidentes do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) e da Câmara Federal Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) onde terá prioridade a votação do PNE – Plano Nacional de Educação, meio que abandonado, no Senado Federal desde a CONAE 2010 – Conferência Nacional de Educação promovida pelo MEC.
       Esperamos que com a força da Mobilização da Semana de Ação Mundial, seja motivo imediato de efetivação e cumprimento da lei nacional do piso do magistério e que nós professores, passamos a ter condições dignas de trabalho, onde as condições materiais sejam implantadas, tendo formação continuada, plano cargo e carreira e salário dignos da profissão que forma pessoas para o progresso.
         Não aceitamos mais as falácias propagadas pela imprensa e gerentes de plantão de que devemos trabalhar apenas por vocação, por amor. Chega de hipocrisia, pois ser professor difere de sacerdócio e como bem diz o tema da Semana: “Nem Herói, Nem Culpado. Professor tem que ser Valorizado”.
        Precisa-se urgentemente ampliar o financiamento público dos seus atuais 5,3% imediatamente para 10% PIB. Formar gestões eficientes e comprometidas com a causa. Respeitar os acordos internacionais na área educacional. Somente assim teremos uma Educação de Qualidade Social e Isonômica.

sábado, 27 de abril de 2013

MMA dos Poderes


     Os filósofos Aristóteles e Platão já discutiam na Grécia Antiga a separação dos poderes como teoria política, mas somente com o filósofo Iluminista Montesquieu, este tema foi sistematizado como ciência política em seu livro “O Espírito das Leis”de 1748. Sua tese foi “moderar” o poder estatal, dividindo em três esferas e dando-lhes a cada uma, separadamente, atribuições e competências.
        Para tal justificativa, Montesquieu afirma que “Só o poder freia o poder” e, na práxis do poder Executivo brasileiro, assistimos frequentemente as medidas provisórias, massacrando de uma vez por todas a função do poder Legislativo que agora anda querendo assumir funções jurídicas e alguns membros do Judiciário, exercendo incisivamente funções que deveriam ser legislativas. “Alguma coisa está fora da ordem”.
        Diante da crítica realidade brasileira, o senador Renan Calheiros não me representa, todavia apoio sua ação em defender o Congresso Nacional, afinal de contas é melhor ter uma democracia em crise, que viver a saudade dela. Como diria minha sábia avó: “cada macaco no seu galho” e os poderes com suas atribuições.
      Não é simpática a intromissão de poderes em poderes e, o senhor Gilmar Mendes para ser legislador precisa passar pelo voto popular, caso contrário, ficará apenas nos julgamentos do STF promovendo a justiça. Esse é o meu desabafo!

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Ponderar Faz Bem!


         Ando com dificuldades “tremendas” em compreender as últimas ações comportamentais do governador Cid Ferreira Gomes (PSB). Nas últimas eleições municipais, o senhor governador, disse uma “brincadeira” de mau gosto com a corrente partidária da então prefeita Luizianne Lins (PT). Recentemente discutiu com moradores da comunidade jangadeiro numa visita conflituosa e, nesta última quarta-feira 24 de abril, ao adentrar no plenário do Senado Federal, foi enfático e incisivo insultando seu companheiro de partido, o Senador Rodrigo Rollemberg (PSB – DF).
       Por certo as ideologias PSBistas andam paralelamente entre seus pares, uma vez que Rollemberg e seu grupo, além de defender a candidatura do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) rompeu com o atual governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT), na intenção de se candidatar a governador e, o senhor Cid Gomes torce abertamente pela reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT) e não deseja tal rompimento momentâneo. Entretanto, o senador Rollemberg, foi gentil na discussão e, por fim, Cid Gomes pondera e se desculpa dizendo que admira a liderança do senador, mas afirma querer uma convenção para discutir e votar a candidatura própria do partido.
     Os entraves são múltiplos, mas o senhor Cid Gomes é uma pessoa educada e detentora de um amplo cabedal intelectual, além de representar os cearenses no gerenciar do Estado. Ponderar faz bem!

sexta-feira, 19 de abril de 2013

O Instinto que é Humano Deveria ser Racional


           Os “aventureiros da bala” desejam a redução da maioridade penal em busca de suas reeleições e, parece-me que a população se deixa iludir por uma questão momentânea e incoerente, pois não se pode mudar a idade penal de alguém (cláusula pétrea), sem que altere a Constituição Federal. Já é hora de cobrar segurança, saúde e educação pública de qualidade social, saneamento básico, condições de trabalho, e deixar de lado as questões menores e imediatistas e ir à raiz da questão. Exigindo assim, conscientemente responsabilidades governamentais e urgentes.
         Parece-me cômodo acreditar que momentaneamente devemos agir como mandam as elites dominantes e assumir responsabilidades espontâneas e sem remuneração, ou seja, um “amigo” disso e daquilo, sei lá do que, mas dedicando o precioso tempo a ajudar as instituições governamentais, assim cada indivíduo fazendo a sua parte, resolveria a incompetência gerencial do capitalismo.
     Seguindo esta lógica, devemos contratar um plano de saúde complementar, segurança e escola particular e, nos enclausurar em muralhas de cercas elétricas e ainda bater palmas para as ações globais e governamentais?
         O capitalismo foi eficiente na domesticação ideológica das massas ingênuas – categoria de humanos criada e ampliada para justificar o poder da hierarquia social – que jamais terão oportunidade de conhecer a essência das desigualdades e a má-fé oportunista dos “caras pálidas”.

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Minhas Lembranças do Parazinho


           E de repente, me vejo diante de reminiscências múltiplas que muito me fizeram viver e aprender através da convivência, a respeitar as transcendências, as pessoas humanas e as culturas naturais de um povo. Tais reminiscências me transportam diretamente para meu lindo e amado Parazinho, no desejo do saudoso banho de açude e as molequices da infância que nunca sai da minha mente.
       A tranquilidade interiorana permitiu que eu tivesse uma infância / adolescência totalmente em contato com a natureza.
        O bom foi fazer meus próprios carrinhos e, com eles sair pela mata a procura de guabiraba, murici, etc. Tomar banho de cachoeira onde eu podia exibir meus saltos mortais. Andar com baladeira na intenção de caçar passarinhos, que maldade! - matar um beija flor para fazer uma simpatia com intuito de conquistar facilmente a garota desejada -
        Andar de bicicleta para “paquerar” as menininhas já que não tinha coragem. As vezes com amigos saíamos com uma “radiola” para fazer serenata. Viver as brincadeiras de salada mista ou completa nas noites de luar. Pular fogueira de São João soltando “traques e rabos de saia” além de comer peixe frito na fogueira.
        São lembranças que por mais que eu viva jamais esquecerei esses momentos que fizeram de mim um eterno apaixonado pela natureza.

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Reduzir para 16, ou 8 anos de Idade? Resolve?


         Existe uma campanha na mídia que propaga veementemente a redução da maioridade penal para 16 anos. Isso posto como forma de acabar ou minimizar a violência no Brasil. É bem sabido que nossa realidade hoje se mostra com crianças, adolescentes de 14 e 15 anos em casas de detenções que não fazem sua parte, funcionando apenas como depósito de infratores. E aí fico pensando, como iremos resolver mais um entrave depois desta redução efetivada? Por que reduzir para 16 anos quando já vivenciamos um significativo grupo de crianças /adolescentes presas com idade inferior a que estão propondo?
       Sabemos que em países como a França a maioridade penal é de 13 anos, os Estados Unidos determina a partir de 8 anos dependendo de alguns Estados. Mas será que sabemos como funciona o sistema penitenciário brasileiro? Do jeito que andam as coisas, em pouco espaço de tempo as mesmas pessoas que hoje apoiam a redução da maioridade penal vão estar nas ruas chorando a violência e exigindo mais uma vez a tal redução, que momentaneamente, quem se habilita a dizer para quantos anos?
       As crianças já nascem sabendo as engrenagens da tecnologia e, o poder público não tomou conhecimento de que a realidade é implacável, portanto, se faz necessário e urgente uma tomada de decisão no sentido de efetuar políticas públicas que atenda as necessidades imediatas das pessoas menos favorecidas, para que não sejam utilizadas por “foras” da lei que infelizmente, o estado de direito, não teve a capacidade de eliminá-los
   Estado enquanto esfera pública, cumpra seu dever, assuma responsabilidades pois eu cumpro rigorosamente minhas obrigações cidadã pagando meus caros e obrigatórios impostos.

sábado, 13 de abril de 2013

Fortaleza, a Você Dedico meu Amor


Crédito da Foto: Pedro Carlos Alvares

       Minha cidade hoje completa 287 anos de contrastes, mares e beleza. Coração do Ceará, que convive com meninas nas esquinas de perdidas noites, meninos nos sinais vendendo sua infância e dignidade, mas também convive culturalmente com as diversidades, nas grades do Pirata, nas loas dos maracatus, nos lábios de mel de Iracema e as lutas de Bárbara de Alencar, Maria Luiza e, de tantas outras Marias, que anonimamente lutam cotidianamente em busca da sobrevivência, todavia desfrutam das delícias ensolaradas nas belas praias no deleite das águas do mar.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Construir a União nas Diferenças


         Diante dos altos e baixos existentes na vida, de repente a perplexidade total dominando a mídia, e eu no mais puro isolamento, reflito. Desde a mais tenra idade, sempre me comportei de forma contrária às normas e padrões impostos pelos meus pais, meus irmãos, e nunca fiz algo apenas para agradar alguém que não me represente.
       Também até agora procurei fazer sempre as coisas que me fizessem feliz, de cara limpa e preparando o terreno das desilusões, uma vez que na sociedade do vil metal, nem sempre podemos fazer aquilo que pretendemos, todavia objetivando o sucesso.
      Assisto hoje na primeira fila ao espetáculo da liberdade humana e torcendo por atitude de tolerabilidade nas relações, onde a ponderação esteja presente sempre nos diálogos antagônicos, para que juntos possamos construir a “paz”. Mesmo sabendo que tal pretensão, só seria capaz com a justiça e, em se tratando de seres humanos, a justiça seria social.
       Pode até ser uma quimera, mas “tenho um sonho” de viver a união coletiva nas diversidades, sem discriminação, sem preconceitos aparentes e, nas discordâncias múltiplas construir um consenso para o bem viver coletivo. Puxa, que sonho! Pode ser mais fácil destruir as hierarquias do capital, todavia torna-se viável e urgente, respeitar as diversidades e viver as diferenças humanas.
        Voltaire já dizia, “Posso não concordar com nenhuma palavra que você diz, mas defenderei até a morte, o direto de dizê-la”.

terça-feira, 9 de abril de 2013

O Bêbado e a Paixão


Na saudade dela
O som do rádio,
O vinho que fere,
A porta que não abre...
A felicidade tardia escondendo o sol
O sinal que não abre
A boca ainda não calou,
Mas a faca já cortou meus nervos de aço...
Na prostituição da noite
Me afogo num copo de um bar
Flutuo na fumaça dos cigarros que queimam...
Adormeço nas calçadas
Sentido o calor de teu corpo ilusório
Me embriago no teu riso
Vivo a ressaca da tua boca
E acordo pra vida que não chega...


quarta-feira, 3 de abril de 2013

Gramsci e a “Figura” do Novo Príncipe


Gramsci em suas notas sobre a política de Maquiavel, classifica o livro “O Príncipe” como uma obra em que se fundem a ideologia política e a ciência política. Ambas retratadas de forma fantástica e artística, onde a razão incorpora-se a um governo, que segundo o autor, nada mais é do que a vontade coletiva. Tal governo, encarna em si um “mito” não um fantástico “deus” ou uma vil utopia, mas uma fantasia concreta, criada com um fim único, o de representar a vontade coletiva.

Assim, o Príncipe representa, o governo ideal, elemento da razão concreta, conduzido a necessidade do povo e o desejo do governante de se fundar um novo estado.

Segundo Gramsci: “O moderno Príncipe, o mito-príncipe, não pode ser uma pessoa real, um indivíduo concreto; só pode ser um organismo; um elemento complexo de sociedade no qual já tenha se iniciado a concretização de uma vontade coletiva reconhecida e fundamentada parcialmente na ação. Este organismo já é determinado pela desenvolvimento histórico, é o partido político: a primeira célula na qual se aglomeram germes de vontade coletiva que tendem a se tornar universais e totais” (1).

Dai, a importância do partido político no mundo moderno. Já que é nele, que nasce a vontade coletiva. Rompendo, assim, de forma definitiva o “mito” do governante do senso crítico.

O Partido Político assume um papel importante, no que concerne a representação da vontade coletiva. Assim, percebemos que não é no sindicato profissional. Mas, na atuação política, onde entra em jogo a ação prática, a realização da vontade coletiva.

Para Gramsci o Moderno Príncipe tem um importante papel histórico, que é o de propagar e organizar uma reforma intelectual, moral e econômica. Na verdade, ele deve encarnar os anseios do povo; ter o poder de conduzir o destino das massas.

Gramsci analisando a Ciência Política, percebeu que ela deve ser concebida no seu conteúdo concreto como um organismo em desenvolvimento. Por isso, ele parte do materialismo histórico e do pensamento de Maquiavel em relação “a questão da política, para chegar a tal conclusão. Diferentemente do pensamento religioso e da moral cristã, os princípios defendidos por Maquiavel têm um certo alcance filosófico, inovando a concepção de mundo. Traduzindo de forma clara sucinta e diferença entre as classes sociais: governantes e governados.

As lições de Maquiavel são aplicadas atualmente por políticos, que muitas vezes declaram-se anti maquiavélicos, no entanto, aplicam de forma clara e aberta as normas do mestre. Estes são levados, única e exclusivamente pela necessidade que têm de assumirem o poder, tornando-se “chefes” das massas.

Assim: “Pode-se deduzir que Maquiavel pretende persuadir estas forças da necessidade de ter um “chefe” que saiba aquilo que quer e como obtê-lo, e de aceitá-lo com entusiasmo, mesmo se as suas ações possam estar ou parecer em contradição com a ideologia difundida na época: a religião. Esta posição política de Maquiavel repete-se na filosofia da práxis” (2).

Em suma o maquiavelismo, como a filosofia da práxis serviram para melhorar a forma de se fazer política. Embora a filosofia da práxis apresente um caráter revolucionário, isto não faz do maquiavelismo algo que precisa ser combatido.
Sendo Maquiavel um homem da política. Para ele, só existe dois elementos de existência real na política, que é a diferença entre governantes e governados, dirigentes e dirigidos. Isso implica na necessidade de um partido. Este que é o único meio de aperfeiçoar os dirigentes, sendo pois elemento fundamental para a direção das massas.

Para Gramsci o Partido Político é na época moderna o protagonista do novo príncipe. Partido esse, que tem a missão de fundar um novo tipo de Estado.

Entretanto, para se possa falar de partido político, faz-se necessário uma ação política coerente. Isso não se aplica aos paridos totalitários, que por representarem os interesses de um pequeno grupo social ou de um só indivíduo, não pode expressar a vontade geral.

Devido a isso, o partido totalitário perde o seu significado, incorporando o conceito abstrato de “Estado”. Já que não atende de forma satisfatória aos interesses da coletividade. Não desempenhando na prática funções políticas, os partidos totalitários, tendem a servir a propaganda da Ideologia Oficial, aos instrumentos de repressão (a polícia), a divulgar a moral e a cultura dominante.
Gramsci assinala dois tipos de partidos: o Primeiro constituído por um grupo de elite que dirige outros partidos afins, de acordo com a sua ideologia. O Segundo constituído pelas massas, alvo das manobras e pregações e de promessas imediatistas e “fantásticas”.

O Partido é o elemento que traduz a história de um País. Muito embora, na maioria das vezes, o mesmo possa representar apenas a história de um determinado grupo social, ao qual representa. Isso no caso dos partidos burgueses e totalitários.

Gramsci tratando acerca dos partidos políticos, constata que os grandes industriais não tendo um partido próprio, utilizam alternadamente todos os partidos existentes. Ao contrário dos grupos de agricultores que fazem parte dos partidos que reúnem os industriais, sendo que estes ao contrário dos industriais têm um partido permanente. Isso se dá, pelo fato de que. Tanto industriais como agricultores possuem interesses idênticos. Diferenciado-se apenas, no tocante a forma da organização. Os agricultores são “politicamente” melhor organizados, ao passo que os industriais não o são. Tais contrastes faz com que os partidos burgueses, formados por industriais e agricultores, tenham vida efêmera, surgem e desaparecem facilmente.

Tratando do “economismo” Gramsci percebe que tal doutrina deriva do liberalismo. Tendo, porém, algumas características da filosofia da práxis. Assim sendo, a ideologia da livre troca (Liberalismo) e o sindicalismo teórico (teoria da Práxis) são duas tendências antagônicas. Já que o liberalismo é composto por um grupo social dominante e dirigente. Ao passo que o sindicalismo teórico é constituído por um grupo subalterno, que permanece segundo Gramsci ainda na fase primitiva. Visto que o mesmo não adquiriu consciência da sua força e de suas possibilidades.

O Liberalismo (movimento da livre troca) apresenta alguns erros na sua formulação. Erros esses identificados na sua origem. Pois, sendo a atividade econômica própria da sociedade civil o Estado não pode deixar de intervir na sua regulamentação. Isto não passa de falácia. Já que na realidade fatual: sociedade civil e Estado – estão bem identificados, pois na sociedade moderna defendem os mesmo interesses.

“Portanto, o liberalismo é um programa político, destinado a modificar quando triunfa, os dirigentes de um Estado e o programa econômico do próprio Estado; isto é, a modificar a distribuição da renda nacional.” (3). 

Diante de tal fato evidenciado que , sendo o liberalismo uma doutrina dos grupos dominantes, só ele pode regular e comandar a sociedade civil e a sociedade política. Já que os interesses dos mesmos se confundem. Isto é, o sindicalismo teórico, por ser formado por grupos subalternos, está impossibilitado de torná-se grupo dominante e de transpor os limites de uma fase econômico-corporativo para torná-se um grupo Hegemônico dentro da ética-política na sociedade civil, passando então, a dominar o estado na sua totalidade.

Na verdade:”... O sindicalismo teórico não passa de um aspecto do liberalismo, justificado com algumas afirmações mutiladas e por isso banalizadas da filosofia da práxis.” (4).

Para Gramsci as relações de força dão-se em vários graus. A primeira relação dá-se no âmbito internacional, abordando a questão das potências, do agrupamentos dos estados em sistemas hegemônicos e do próprio conceito de soberania. Já a segunda relação de força dá-se no campo social, cujo objetivo tange ao grau de desenvolvimento das forças produtivas, as relações entre a política e o partido e as relações políticas de caráter imediatistas.

Tratando dos Partidos Políticos em época de crise orgânica,Gramsci constatou que:
“Num determinado momento da sua vida histórica, os grupos sociais se afastam dos seus partidos tradicionais, isto é, os partidos tradicionais com uma determinada forma de organização, com determinados homens que os constituem, representam e dirigem não são reconhecidos como expressão própria da sua classe ou fração de classe: quando se verificam estas crises, a situação imediata torna-se delicada e perigosa, pois abre-se o campo às soluções de força, à atividade de poderes ocultos, representados pelos homens providenciais ou carismáticas.” (5)

As crises provocam o afastamento de vários elementos dos quadros desses partidos, provocando, de certo modo, um clima contrastante entre as classes antagônicas, ou seja, entre os representantes e os representados por tais partidos.

Segundo Gramsci, tal crise não passa de crise de hegemonia ou crise do próprio estado em seu conjunto.

Mas a classe dirigente de tais partidos que ora se acham em crise, facilmente retomam o controle da situação. Estando bem preparada e organizada, a classe dirigente tradicional fecha os seus atuais partidos e organiza novos partidos. Ao passo que as massas por falta de capacidade de se organizarem, tornam-se alvos fáceis para as táticas das classes dirigentes.

As lutas entre as duas forças existentes dentro da estrutura orgânica de um país, podem provocar o surgimento de uma terceira força. Esta é, pois, representada por uma grande personalidade “Heroica”, no caso o cesarismo, que segundo Gramsci pode ter um significado tanto positivo, como negativo. Dependendo, porém, de seu caráter progressista ou reacionário. 

“O cesarismo é progressista quando a sua intervenção ajuda a força progressista a triunfar, mesmo com certos compromissos e medidas que limitam a vitória; é reacionário quando a sua intervenção ajuda a força reacionária a triunfar, também neste caso com determinados compromissos e limitações que têm um valor, um alcance e um significado diversos, opostos ao do caso precedente.” (6).

O fenômeno do cesarismo apresenta-se no mundo moderno de maneira diversa, isso dependendo do país e das condições históricas - políticas. Em alguns, seus governos são do tipo cesarista progressista. Em outros ocorre o contrário, o predomínio de um governo do tipo reacionário e conservador.

“Todavia, o cesarismo no mundo moderno ainda encontra uma margem, maior ou menor, de acordo com os países e o seu peso relativo na estrutura mundial, já que uma forma social sempre tem possibilidades marginais de desenvolvimento ulterior e de sistematização organizativa.” (7).

Tratando-se da luta política e da guerra militar, Gramsci faz uma distinção entre essas duas formas de lutas e das estratégias usadas para se deter o poder e a força do inimigo. Mais adiante ele apresenta o mecanismo ideal para que o novo governo possa conviver com as velhas instituições do novo estado. Justificando, porém, determinadas ações governamentais no que diz respeito à questão da burocracia e da unidade dos poderes constitucionais do estado.

Com relação a divisão dos poderes fica evidenciado que sua efetivação é resultado da luta entre a sociedade civil e a sociedade política, num certo período da história. Ficando, pois as forças em combate bem equilibradas. Visto que estavam em questão interesses de classes que defendiam uma mesma ideologia. Assim a Igreja e o Estado na luta pela hegemonia pelo poder político na Itália, procuraram fortalecer de todas as formas o controle sobre a vida política e a sociedade civil. Na realidade a divisão dos poderes foi de suma importância para o fortalecimento do liberalismo político e econômico.

Gramsci conclui suas considerações acerca do “Príncipe” de Maquiavel ressaltando que tal Príncipe na linguagem política moderna poderia ser entendido como um “chefe de Estado”, “Líder política” ou até mesmo como “Partido Político”. Na verdade para ele é o “partido político” que assume a função de hegemonia política, equilibrando os diversos interesses da sociedade civil. 


Antônio Gramsci. Maquiavel, a Política e o Estado Moderno. Rio de Janeiro, editora Civilização
(1) Antônio Gramsci. Maquiavel, a Política e o Estado Moderno. Rio de Janeiro, editora Civilização brasileira, 1991. p.6 - (2) Idem. p. 11 - (3) Idem. p. 32 - (4) Idem. p. 33 - (5) Idem. P. 54
(6) Idem. PP.63-64 - (7) Idem. P. 66