A
amiga professora, Leliz da Silveira, incomodada com certos
acontecimentos rotineiros nas relações humanas, relatou suas
impressões neste excelente texto e aqui reproduzo na íntegra.
A
vivencia e a convivência que temos com as pessoas que nos são
referencias, a escola, a faculdade, a religião, o trabalho e todas
as conexões que fazemos ao longo de nossa vida vão, de uma certa
forma, contribuindo para a formação de nós mesmos, vão
despertando nossa consciência axiológica, nosso pensar e construir
critico acerca da sociedade em que estamos inseridos.
Observo
assim que nesse ponto da existência humana, algumas coisas são
contingencias, são como diria o velho filosofo existencialista
J.P.Sartre, nauseantes, mas são contingenciais.
O
problema são as que não são contingencias, as impostas por sei lá
quem, talvez a modernidade, o capitalismo, a falta de ética, a falta
de educação, ou como diz meu amigo professor Airton Amaral a
abdução pelo sistema.
O
que importa é que fora as contingencias nauseantes, hoje sou
obrigada a assistir espetáculos degradantes uma vez que vivo e
interajo nessa sociedade que vem perdendo, na minha opinião a
condição que a diferencia dos irracionais, a condição humana.
Essa
condição que segundo Hanna Arendt, são simplesmente às formas de
vida que o homem impõe a si mesmo para sobreviver. São condições
que tendem a suprir a existência do homem porem sem degradá-la.
Esse
pensamento assim posto, diz respeito a contingencias, porem, a
humanidade sem referencia, se manifesta e se faz sem padrão de moral
ou de ética nesse milênio em que estamos e massacram, matam,
desmoronaram ao vivo na mídia em geral.
Condição,
classe social, etnia, religião, opção sexual e muitas outras
facetas da humanidade em marcha, são massacradas pois a condição
humana passou a ser condição individual e não mais se importar com
os problemas ou o modo existencial da raça humana.Na tentativa de
realizar os preceitos da condição humana, essa humanidade se
violenta, se submete a escravidão da modernidade, se dá ao direito
de desrespeitar o outro, suas crenças, maltrata o corpo com
substancias que apodrecem seus membros, se tornam anoréxicas,
infelizes,degeneradas sexualmente, abandonam a fé e enchem as
farmácias e consultórios de psicólogos e psiquiatras para buscar
alivio as suas dores da alma.
Se
deixam filmar ou filmam as mais abjetas ações humanas, fazem sexo
ao vivo em horário nobre violentando os preceitos morais das suas
próprias famílias,sim de suas famílias e das famílias dos outros
pois os seus já foram a leilão e como dizia Andy Warhol, para ter
seus 15 minutos de fama.
Fora
as contingencias, necessárias e impossíveis de fugir embora como
para Sartre para mim também muitas vezes nauseantes, o que se
assiste hoje na evolução humana é uma dor imensa, uma perda total,
um esvaziamento de humanidade, de criatividade, do belo e do bom, uma
falta completa de amor a si e ao outro, uma ganancia fria e faminta.
Nesse
ponto da vida eu sou obrigada a dizer que a mim mais nauseante que as
contingencias meu caro filosofo é a realidade atual uma vez que essa
não causa náusea em mim, em mim ela provoca vomito.