quinta-feira, 19 de junho de 2014

Cantarolando, Chico 70 Anos, Buarque de Holanda


O meu amor tem um jeito manso que é só seu, mas que um certo dia chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar, e amou daquela vez como se fosse a última. Sim, foi que nem um temporal, foi um vaso de cristal que partiu dentro de mim. E se foi dizendo: vou voltar, sei que ainda vou voltar para o meu lugar e hei de ouvir cantar uma sabiá.

Certamente amanhã vai ser outro dia, mesmo sabendo que hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão. E não entendo, como beber dessa bebida amarga, tragar a dor, engolir a labuta, mesmo calada a boca, resta o peito, pois silêncio na cidade não se escuta, e ainda tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.

É meu caro amigo, me perdoa por favor se não lhe faço uma visita, é que essa moça tá diferente já não me conhece mais, ela está pra lá de pra frente está me passando pra trás. Mas ela vai voltar!

Oh, pedaço de mim oh, metade afastada de mim, leva o teu olhar que a saudade é o pior tormento. Mas eu sei que tudo isso vai passar nessa avenida um samba popular, pois aqui sambaram nossos ancestrais, então vem ver de perto uma cidade a cantar, a evolução da liberdade até o dia clarear.

Desde sua volta, todo dia, ela faz tudo sempre igual, me sacode às seis horas da manhã me sorri um sorriso pontual e me beija com a boca de hortelã, pois para ela, agora eu era o rei, era o bedel e era também juiz e pela minha lei a gente era obrigado a ser feliz."
 Crédito Foto: Internet

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