Hoje
sem mais nem menos me deparo com as reminiscências de quando
vivenciava os ditos “dias grandes” no meu belo e amado Parazinho.
Ainda muito criança, mas não posso esquecer as tardes de quinta e
sexta-feira santa, onde todo o comércio fechava e ninguém podia se
quer andar de bicicleta, tomar banho de açude, correr, pular.
Deveríamos apenas “jejum há”, pois segundo dizia meu querido
pai, deveríamos respeitar e não se podia contrariar as leis de
“Deus”.
Após
o meio dia de quinta feira santa, meu pai fechava as portas do
comércio e logo depois do almoço, ficávamos todos sentados na
sala de jantar em frente ao rádio ABC, ouvindo na saudosa Rádio
Tupinambá de Sobral, a repetida e dolorosa Paixão de Cristo. Aquilo
era uma forma do meu amado Pai mostrar para sua prole o temor que
deveríamos ter aos castigos divinos e perceber que "Jesus deu a
vida para nos salvar”.
Nas
manhãs de sexta-feira santa, eu achava formidável ver meu pai
distribuir com as pessoas mais humildes o “pão” para o "jejum há".
Isso se fixou na minha memória e fez de mim uma pessoa sensível às
questões sociais. A solidariedade e o Amor ao próximo, foram os
pilares que meu pai querido alicerçou na minha efervescente vida, e
isso me faz cristão, respeitando sempre as manifestações de
transcendência do povo.
Jamais
esquecerei dos fins de tarde naqueles dias grandes em que ficávamos
na calçada para ouvir as leituras de cordel feitas pelo Tio “Paixão”
onde retratava sempre a vida, paixão e morte de Cristo. As orações
em família antes da “Seia” das seis e o desejo sempre de comer
bem mais que o permitido as guloseimas: pamonha, grude, bolos, petas
etc... feitas pela minha querida e saudosa Mãe que já não mais
está comigo fisicamente, mas que jamais sairá dos meus pensamentos.
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