sexta-feira, 18 de abril de 2014

Minhas Reminiscências de Criança na Semana Santa


Hoje sem mais nem menos me deparo com as reminiscências de quando vivenciava os ditos “dias grandes” no meu belo e amado Parazinho. Ainda muito criança, mas não posso esquecer as tardes de quinta e sexta-feira santa, onde todo o comércio fechava e ninguém podia se quer andar de bicicleta, tomar banho de açude, correr, pular. Deveríamos apenas “jejum há”, pois segundo dizia meu querido pai, deveríamos respeitar e não se podia contrariar as leis de “Deus”.

Após o meio dia de quinta feira santa, meu pai fechava as portas do comércio e logo depois do almoço, ficávamos todos sentados na sala de jantar em frente ao rádio ABC, ouvindo na saudosa Rádio Tupinambá de Sobral, a repetida e dolorosa Paixão de Cristo. Aquilo era uma forma do meu amado Pai mostrar para sua prole o temor que deveríamos ter aos castigos divinos e perceber que "Jesus deu a vida para nos salvar”.

Nas manhãs de sexta-feira santa, eu achava formidável ver meu pai distribuir com as pessoas mais humildes o “pão” para o "jejum há". Isso se fixou na minha memória e fez de mim uma pessoa sensível às questões sociais. A solidariedade e o Amor ao próximo, foram os pilares que meu pai querido alicerçou na minha efervescente vida, e isso me faz cristão, respeitando sempre as manifestações de transcendência do povo.

Jamais esquecerei dos fins de tarde naqueles dias grandes em que ficávamos na calçada para ouvir as leituras de cordel feitas pelo Tio “Paixão” onde retratava sempre a vida, paixão e morte de Cristo. As orações em família antes da “Seia” das seis e o desejo sempre de comer bem mais que o permitido as guloseimas: pamonha, grude, bolos, petas etc... feitas pela minha querida e saudosa Mãe que já não mais está comigo fisicamente, mas que jamais sairá dos meus pensamentos.

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