Um
certo dia precisei de um médico e fui parar na emergência de um
hospital “leguelhé”, destes que cobram a cara e o suor daqueles
que com todo sacrifício buscam alternativas para não padecer nas
intermináveis filas da saúde pública. Depois de uma longa espera
com uma ficha na mão e sentado numa cadeira de rodas, por não ter
onde sentar, passei por uma análise prévia com verificação dos
sinais vitais e me colocaram na fila de “emergência”
“prioritária”. A princípio fiquei contente, uma vez que seria
tecnicamente atendido mais rápido.
Esperei
aproximadamente mais umas duas horas para ser atendido por um senhor
que vestia jaleco branco e usava óculos, mas não me viu e sem fazer
a anamnese, me perguntou apenas o que sentia. Disse-lhe que estava
com febre e fortes dores no corpo. Sem ao menos me auscultar,
solicitou um hemograma e prescreveu de imediato dipirona 500mg/ml e
Morfina 10mg/ml.
Como
já conhecia o efeito da tal morfina desde o internamento de minha
mãe que sofria de “CA” e quando a dor apertava, era a dita
morfina que a confortava, disse-lhe que não permitia que tal
medicamento me fosse aplicado sem necessidade. Pedi-lhe para
prescrever hioscina mais dipirona enquanto aguardava o resultado do
hemograma. O que foi feito.
Após
uma hora e meia e, com o resultado em mãos, volto à fila para
mostrar ao tal senhor, dito pela instituição médico, o resultado
do meu exame e, para minha surpresa tal senhor já havia ido embora.
Assim como nas emergências de hospitais públicas, fui atendido por
outro profissional de jaleco branco do sexo feminino que quase não
me esperou sentar, me inquerindo sobre o raio -x. Preencheu a
requisição e lá vou eu de novo enfrentar fila para autorizar e
fazer.
Diante
da grave crise da saúde brasileira, sou favorável que a partir de
agora os profissionais da saúde, principalmente a pública sejam
humanos e que procedam como manda o figurino e a ética médica,
independente se brasileiro ou estrangeiro, mas que sejam médicos
acima de tudo e que dediquem aos seus pacientes um tempo mínimo para
ouvir atentamente suas dores, sendo precisos ao prescrever
medicamentos para o tratamento.
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