sábado, 13 de setembro de 2014

O Mundo Grego


Para se falar em Filosofia na Grécia Antiga é necessário construir um quadro sócio-político-econômico-geográfico que nos permita situar a filosofia grega dentro de seu contexto de cultura helênica.

O mundo grego antigo abrangia: a Grécia; as ilhas do mar Egeu; as orlas marítimas da Ásia Menor, do mar Negro e do norte da África; parte da Itália e sul da França

Falar então de Mundo Grego não é falar de uma unidade territorial e sim de uma unidade cultural comum aos diversos grupos espalhados.

Politicamente, o apogeu da civilização grega sempre foi caracterizado pelas Cidades-estados. Cada uma com autonomia de governo, de leis e de defesa. Embora distribuídas em uma extrema área, as cidades-estados gregas mantinham uma consciência da unidade nacional manifesta, por exemplo, nos jogos olímpicos.

A Cidade-Estado Grega

Os primeiros grupos gregos (eólicos, jônios e aqueus) ao chegarem à Grécia por volta do segundo milẽnio, receberam a influência da organização da sociedade minoana (cretense) lá estabelecida.

Os vestígios da civilização minoana denotam a hegemonia de seu império marítimo sobre o mar Egeu. Os grupos que chegaram, assimilaram a cultura vigente, acrescentando-lhe novos elementos, e fundando grandes centros que passaram a deter a hegemonia quando da derrocada da civilização cretense. Entre estes centros encontramos Micenas de onde se deriva a denominação civilização micênica.

A civilização micênica articula em si o sistema palaciano cretense e as relações organizadas com base no parentesco característico dos primeiros grupos gregos.

O sistema cretense centrava-se na figura do rei que controlava a vida do povo em todos os aspectos, governando-o de sua fortaleza, o palácio, centro da riqueza advinda da tributação e de outros serviços. A seguir vem os guerreiros e em terceiro os possuidores de terra cuja posição se assemelha aos barões do sistema feudal.

O outro lado da articulação tem por base a resolução de parentesco (gentílico = genos). Agricultores e pastores viviam segundo um sistema comunal de posse de terra, organizados em aldeias que, por sua vez, eram autônomas entre sí e em relação ao palácio. A frente de cada aldeia estava o basileu, vassalo do rei, que governava assistido pelo conselho de anciãos. O rico artesanato que se desenvolve ao redor do palácio da início as corporações de categorias.

Com a chegada dos dórios encerra-se o período micênico e com ele a coexistência dos dois sistemas.

Menos desenvolvidos culturalmente, os dórios obrigam grande parte dos gregos a emigrarem, dando origem a novas colônias. Desarticulado o sistema palaciano, decaem todas as atividades culturais e econômicas.

A desarticulação do sistema palaciano e de parentesco oportunarizaram às cidades um desenvolvimento com real autonomia. A posse da terra deixou de ser comunal, passando para o direito de progenitura. O crescimento da população, novos intercâmbios entre as regiões e a consequente necessidade de trocas, favoreceu a retomada do comércio e do artesanato. Este desenvolvimento gerou também a exigência de participação no poder.

A sociedade caracterizava-se pelas classes, mantendo em si a aristocracia e o escravismo. O poder agora é detido por uma aristocracia faminta de riqueza, prestígio e hegemonia.

Do conflito destas realidades adveio a tirania. O tirano é dono de um poder pessoal e juíz das contendas. O favorecimento dos comerciantes e artesãos nestas contendas provoca a rejeição dos tiranos por parte da aristocracia rural. A tirania provoca também uma ampliação na assembleia que passa a ser acessível aos cidadãos ricos.

O estilo de vida evolui para a democracia (Atenas) e a oligarquia (Esparta), onde há maior ou menor participação dos cidadãos na assembleia. A participação política está ao alcance de quem detém a riqueza em ambos os casos. Contudo, este espaço de desenvolvimento humano excluía mulheres, crianças, estrangeiros, escravos e homens livres pobres.

A Cultura Helênica

A cultura helênica é resultado da contribuição dos diferentes grupos indo-europeus e suas múltiplas tradições.

A compreensão do papel do mito é fundamental para a compreensão da cultura helênica: o pressuposto de um transcendente, motor primeiro do progresso cósmico e histórico que origina a multiplicidade dos fenômenos a ser ordenado pelo ser humano. Marcadamente dual é a estrutura do pensamento grego antigo onde o mundo real, empírico opõe-se ao mundo sagrado, perfeito.

Ao mito, cumpre a função de explicar a existência, buscando as respostas em deuses e heróis a- históricos. Ao mesmo tempo em que o mito leva o homem a uma passividade hitórica, ele é a fonte de compreensão do sentido da vida.
Crédito Foto: Google

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