Para
se falar em Filosofia na Grécia Antiga é necessário construir um
quadro sócio-político-econômico-geográfico que nos permita situar
a filosofia grega dentro de seu contexto de cultura helênica.
O
mundo grego antigo abrangia: a Grécia; as ilhas do mar Egeu; as
orlas marítimas da Ásia Menor, do mar Negro e do norte da África;
parte da Itália e sul da França
Falar
então de Mundo Grego não é falar de uma unidade territorial e sim
de uma unidade cultural comum aos diversos grupos espalhados.
Politicamente,
o apogeu da civilização grega sempre foi caracterizado pelas
Cidades-estados. Cada uma com autonomia de governo, de leis e de
defesa. Embora distribuídas em uma extrema área, as cidades-estados
gregas mantinham uma consciência da unidade nacional manifesta, por
exemplo, nos jogos olímpicos.
A
Cidade-Estado Grega
Os
primeiros grupos gregos (eólicos, jônios e aqueus) ao chegarem à
Grécia por volta do segundo milẽnio, receberam a influência da
organização da sociedade minoana (cretense) lá estabelecida.
Os
vestígios da civilização minoana denotam a hegemonia de seu
império marítimo sobre o mar Egeu. Os grupos que chegaram,
assimilaram a cultura vigente, acrescentando-lhe novos elementos, e
fundando grandes centros que passaram a deter a hegemonia quando da
derrocada da civilização cretense. Entre estes centros encontramos
Micenas de onde se deriva a denominação civilização micênica.
A
civilização micênica articula em si o sistema palaciano cretense e
as relações organizadas com base no parentesco característico dos
primeiros grupos gregos.
O
sistema cretense centrava-se na figura do rei que controlava a vida
do povo em todos os aspectos, governando-o de sua fortaleza, o
palácio, centro da riqueza advinda da tributação e de outros
serviços. A seguir vem os guerreiros e em terceiro os possuidores de
terra cuja posição se assemelha aos barões do sistema feudal.
O
outro lado da articulação tem por base a resolução de parentesco
(gentílico = genos). Agricultores e pastores viviam segundo um
sistema comunal de posse de terra, organizados em aldeias que, por
sua vez, eram autônomas entre sí e em relação ao palácio. A
frente de cada aldeia estava o basileu, vassalo do rei, que governava
assistido pelo conselho de anciãos. O rico artesanato que se
desenvolve ao redor do palácio da início as corporações de
categorias.
Com
a chegada dos dórios encerra-se o período micênico e com ele a
coexistência dos dois sistemas.
Menos
desenvolvidos culturalmente, os dórios obrigam grande parte dos
gregos a emigrarem, dando origem a novas colônias. Desarticulado o
sistema palaciano, decaem todas as atividades culturais e econômicas.
A
desarticulação do sistema palaciano e de parentesco oportunarizaram
às cidades um desenvolvimento com real autonomia. A posse da terra
deixou de ser comunal, passando para o direito de progenitura. O
crescimento da população, novos intercâmbios entre as regiões e a
consequente necessidade de trocas, favoreceu a retomada do comércio
e do artesanato. Este desenvolvimento gerou também a exigência de
participação no poder.
A
sociedade caracterizava-se pelas classes, mantendo em si a
aristocracia e o escravismo. O poder agora é detido por uma
aristocracia faminta de riqueza, prestígio e hegemonia.
Do
conflito destas realidades adveio a tirania. O tirano é dono de um
poder pessoal e juíz das contendas. O favorecimento dos comerciantes
e artesãos nestas contendas provoca a rejeição dos tiranos por
parte da aristocracia rural. A tirania provoca também uma ampliação
na assembleia que passa a ser acessível aos cidadãos ricos.
O
estilo de vida evolui para a democracia (Atenas) e a oligarquia
(Esparta), onde há maior ou menor participação dos cidadãos na
assembleia. A participação política está ao alcance de quem detém
a riqueza em ambos os casos. Contudo, este espaço de desenvolvimento
humano excluía mulheres, crianças, estrangeiros, escravos e homens
livres pobres.
A
Cultura Helênica
A
cultura helênica é resultado da contribuição dos diferentes
grupos indo-europeus e suas múltiplas tradições.
A
compreensão do papel do mito é fundamental para a compreensão da
cultura helênica: o pressuposto de um transcendente, motor primeiro
do progresso cósmico e histórico que origina a multiplicidade dos
fenômenos a ser ordenado pelo ser humano. Marcadamente dual é a
estrutura do pensamento grego antigo onde o mundo real, empírico
opõe-se ao mundo sagrado, perfeito.
Ao
mito, cumpre a função de explicar a existência, buscando as
respostas em deuses e heróis a- históricos. Ao mesmo tempo em que o
mito leva o homem a uma passividade hitórica, ele é a fonte de
compreensão do sentido da vida.
Crédito Foto: Google
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