O
que dizer de uma sociedade que prende gente que rouba livros? Não
estou aqui fazendo apologia ao roubo. Acredito que roubar não seria
a melhor maneira de adquirir livros, entretanto, o jovem baiano de 19
anos, Alex Santana dos Santos, não tinha como comprar e agora está
preso por levar três livros da Livraria Cultura, na Bahia de todos
os Santos.
Difícil
entender como muitos se apropriam indebitamente dos bens públicos,
aumentando o abismo social na sociedade capital e estão muito bem
obrigado. Nem mesmo a “Ficha Limpa” impediu os caras pálidas de
tais ações de imoralidade. Tais exploradores desfilam nos tapetes
vermelhos da burguesia, degustando os melhores vinhos e rindo
daqueles que lhe delegam poder(es).
Terra
sem lei, sem educação, saúde e segurança pública que atenda as
necessidades da coletividade, sem bibliotecas públicas de qualidade
e atualizadas. Todavia o carnaval rola solto, promovendo a alegria do
suor brasileiro, os estádios ganharam características de “arena”
da Roma Antiga, onde os gladiadores vão às lutas e à exploração
exacerba, ainda mais aqueles que ousam assistir a alguns jogos
naquele espaço privado, porém construído com o dinheiro dos
trabalhadores.
Alex
Santana dos Santos foi duplamente vitimado pela inoperância do
estado burguês que não promove políticas públicas voltadas para a
sociedade menos favorecida do capital. Todavia, desafiou as
carcomidas leis das elites e desnuda a ética burguesa ao roubar
livros para sua formação intelectual e, neste instante, o “Leviatã”
faz-se presente ao cercear a liberdade do jovem rebelde, que sem dois
salários mínimos para sua fiança, permanecerá um longo tempo nas
precárias e fétidas prisões.
Enquanto
isso, na sala da injustiça brasileira, os delapidadores do
patrimônio público passeiam de helicópteros pelos ares das Terras
Brasilis, vão à Europa nas férias do Congresso Nacional, utilizam
os jatinhos da aeronáutica para fins particulares, já a população
que paga impostos, permanece refém da marginalidade por falta de
segurança pública, sem contar que o “sertão continua ao Deus
dará”.
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