sexta-feira, 23 de novembro de 2012

O Cooperativismo como Alternativa Capital


Ao analisar a filosofia hegeliana, Marx elabora um novo e revolucionário método de investigação com caráter da práxis humana, portanto sensível constatado na primeira tese sobre Feuerbach, que ignorava então o caráter de manipulação de um sujeito transcendente para firmar-se pela teoria da práxis em seu método dialético, onde as transformações sofridas no meio social nada mais seriam que uma dinâmica em constante mutação.
Por muito tempo compreendi a teoria de Marx apenas como de aspecto político que iria revolucionar a sociedade capitalista e, transportá-la para a sociedade comunista.
Entretanto analisando uma alternativa vigente de cooperativismo pude compreender que Marx tratou do tema em debates realizados nos anos 20 como movimento político e social, que introduziria a sociedade ao sistema socialista na União Soviético e no mundo. Seria aqui sua teoria um instrumento prático.
A dinâmica luta entre o proletariado e o capitalismo dono dos bens materiais, provoca nos trabalhadores um desejo de reverter tal situação, dinamizando as relações sociais e o fortalecimento dos sindicatos como instrumentos políticos e sociais.
No “Manifesto Comunista”, Marx relata a possibilidade de um movimento sindical forte e coeso, assim a possibilidade do sufrágio universal está diretamente relacionado ao movimento sindical em alguns países europeus. Movimento de luta sempre foi pensado como alternativa para a democracia.
Os avanços científicos e tecnológicos impõem à sociedade capitalista uma nova força produtiva e influencia diretamente as lides da classe trabalhadora organizadas nos sindicatos: conquista e manutenção dos direitos sociais dos operários, mesmo sabendo que parte da produção passaria de produtiva para criativa. Uma complexidade salarial que poderá conduzir a uma descaracterização do ser como sujeito da história.
A sociedade capitalista do pós guerra vivenciou o Estado do Bem Estar Social, ou seja a propalada “Social-Democracia” imprimindo suas faces 'democráticas' de sufrágio universal e, a ciência aliada a produção e ao modo de fazer política, combinando a administração pública a venda de títulos da dívida pelos gerentes do capital, equacionando assim os interesses dos capitalistas e as organizações sindicais, com pequenas alterações no modo de produção e de gerir a coisa pública.
Com o fim das redes e a globalização do capital financeiro a economia torna-se internacionalizada e põe fim ao Estado do Bem Estar Social e, os sindicatos então nacionalizados tornaram-se fragilizados diante do processo do capital internacional e, agora buscam apenas a manutenção das vagas já existentes e os trabalhadores passaram da categoria de empregados formais e sindicalizados para a crescente economia informal. Tal situação desnuda as aparências do capital financeiro e aumenta as hierarquias na sociedade.
Acredito que a ausência parcial do cooperativismo no tabuleiro político e econômico mundial esteja ligado diretamente as discussões do socialismo em contra partida o sindicalismo que 'encarou' o sistema capitalista com lutas e teorias, tornando-se assim a razão inversamente proporcional ao crescimento do sistema capitalista vigente. Entretanto, parece-me incerto a troca de uma realidade de lutas e conquistas, mesmo conscientes, que não seria tais práticas que levaria a transformação da sociedade capitalista, pela tão sonhada revolução socialista. Para Marx as discussões entre socialismo de mercado e socialismo centralizado e planejado não possibilitaria a implantação do socialismo real, uma vez que as questões da classes assalariada estava entranhada na divisão social do trabalho e precisavam ser superadas, eliminando então as estruturas do capitalismo, para então vivenciar a sociedade socialista.
O cooperativismo pensado por Karl Marx tem início com suas reflexões críticas ao socialismo utópico, que não trata da “totalidade” como categoria. Os utópicos deixavam as questões essenciais políticas para vivenciarem herméticas experiências de autogestão, desta forma negam as relações da utopia socialista com a vivência da sociedade. Todavia não devemos esquecer que Marx validou como importante as práticas de empreendimentos como forma libertária de um potencial crítico e criativo no seu Manifesto Comunista. Sendo assim exequível uma prática de cooperativismo como perspectiva política de confronto direto com o modo capitalista de produção.
O trabalho associado e cooperado fará desaparecer a figura do patrão e do operário, pois todos participam diretamente do crescimento econômico e o resultado é dividido no coletivo. Contudo, ainda tenho dificuldades em perceber se o cooperativismo em sua teoria seria eficiente a ponto de eliminar as explorações entre a classe trabalhadora e capaz de fazer a ponte para a sociedade socialista.
Entretanto, vivenciar uma experiência alternativa, onde a figura do patrão torna-se dispensada, negando a relação capital trabalho e, afirmando a autogestão como autonomia do trabalhador no seu modo de produzir, pode transparecer uma relação de transgressão do status das forças produtivas, capital e a lide do trabalhador. Assim no cooperativismo, temos a complexidade do sistema de produção e socialização, com direitos iguais na qualificação e distribuição equitativa a cooperação de cada trabalhador. Pois cada trabalhador no cooperativismo construiria a consciência total do processo coletivo e, isso acabaria com a dicotomia entre o trabalho e a direção, uma vez que caberia a cada trabalhador a função de gerir a cooperativa. Desta forma o cooperativismo eliminaria de vez o despotismo entre a divisão social do trabalho interno, derrotando assim, uma das características que fundamentam o sistema capitalismo, a propriedade individual privada, todavia permaneceriam as disputas entre as empresas cooperadas, fortalecendo anarquicamente a divisão social do trabalho e a manutenção da figura fantasmagórica do patrão capitalista, pois o cooperativismo não avançou além de sua ação econômica e, negligenciou seu caráter político, dai a permanência da anarquia e a divisão social do trabalho.
Todavia, as ambições políticas do cooperativismo foram bem maiores que as dos sindicatos, uma vez que os sindicatos apenas pressionavam os governantes em busca de melhorias de qualidade de vida da classe trabalhadora, portanto sem nenhuma superação histórica do sistema capitalista. Já o cooperativismo se apresenta como um movimento de totalidade, sem a necessidade de reivindicações junto ao Estado capitalista burguês e sem as precipitações momentâneas de um operário gerenciar o capital burguês internacional. Para Marx, o cooperativismo teria um amplo significado, não apenas no aspecto político, mas sobretudo na junção da teoria e a prática, superando a tal anarquia da divisão social do trabalho.
Compreendo aqui que Marx defendia a cooperação das cooperativas entre si num campo político muito bem definido derrubando as redes e que atingisse a globalização ou a transnacionalidade, tornando-se sólidas num aspecto legal, negando assim a anarquia da divisão social do trabalho e qualificando o cooperativismo como meio condutor da superação do modo de produção capitalista.

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