domingo, 18 de março de 2012

Ontologia


Por “ontologia” ou “Filosofia Primeira” entendia-se, anteriormente, a teoria acerca do ser como tal, independentemente, das suas espécies particulares. Neste sentido, “ontologia” é equivalente à “Metafísica”, sistema de determinações especulativas universais do ser. Aristóteles foi o primeiro a formular o conceito relativo a tal teoria. Durante o período da Idade Média, os filósofos católicos procuraram utilizar a ideia aristotélica de metafísica para a elaboração de uma teoria do ser que servisse de prova filosófica das verdades da religião. Esta tendência apareceu na sua forma mais acabada no sistema filosófico teológico de Tomás de Aquino. Na época Moderna, (aproximadamente, a partir do século XVI), começou a entender-se por ontologia uma parte especial da metafísica: a teoria acerca da estrutura suprassensível, não material, de tudo o que existe. A ideia de semelhante ontologia alcançou expressão acabada na filosofia de Christian Wolff, que perdeu toda a conexão com o conteúdo das ciências particulares e estruturou a ontologia (termo que pertence ao filósofo alemão Rodolfo Goclenius, 1613) – na sua maior parte, por meio da análise dedutivo abstrata e gramatical dos seus conceitos (ser, possibilidade e realidade, quantidade e qualidade, substância e acidente, causa e efeito, etc.). Surgiu uma tendência contraposta, nas teorias materialistas de Thomas Hobbes, Baruch Spinoza, John Locke, dos materialistas franceses do séculos XVIII (Julien Offray de La Mettrie , Denis Diderot, Claude Adrien Helvetio e Barão de Holbach), dado que o conteúdo objetivo de tais teorias, apoiadas nos dados das ciências experimentais, abalava objetivamente a ideia da ontologia como disciplina filosófica de grau superior, como “Filosofia Primeira”. A crítica que o idealismo clássico alemão (Immanuel Kant, Georg Wilhelm Friedrich Hegel, etc.) faziam da ontologia, apresentava um duplo caráter: a) – por um lado, declaravam-na isenta de conteúdo e tautológica; b) – por outro lado, a sua crítica acabada defendendo a criação de uma nova ontologia, mais perfeita (metafísica), a substituição da ontologia pela filosofia transcendental (Kant), pelo sistema do idealismo transcendental (Friedrich Wilhelm Joseph Schelling), pela lógica (Hegel).
O sistema de Hegel antecipou, sob forma idealista, a ideia da unidade da ontologia (a dialética), da lógica e da teoria do conhecimento, mostrando assim, como se devia ultrapassar o quadro da filosofia especulativa e alcançar o conhecimento positivo e real do mundo (Friedrich Engels). Na filosofia do século XX, como resultado da reação face ao avanço das correntes idealistas subjetivas (neokantismo, positivismo), fazem-se tetativas para formar, numa base idealista objetiva uma “nova ontologia” (ontologia transcendental de Edmund Gustav Albrecht Husserl); “ontologia crítica”, de Nicolai Hartmann; “ontologia fundamental” de Martin Heidegger). – Nas doutrinas novas, ontológicas, entende-se por ontologia o sistema de conceitos universais do ser, cognoscíveis, por meio da intuição supra sensorial e supra racional. Vários filósofos “católicos” fizeram sua a ideia de uma “nova ontologia” e tentam “sintetizar” a “ontologia transcendental” que parte de Aristóteles, com a filosofia transcendental kantiana, contrapondo a sua ontologia à filosofia do materialismo dialético. Na filosofia marxista, usa-se, convencionalmente, o termo ontologia, como sinônimo da teoria acerca das leis gerais do conhecimento do ser.

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