Por
“ontologia” ou “Filosofia Primeira” entendia-se,
anteriormente, a teoria acerca do ser como tal, independentemente,
das suas espécies particulares. Neste sentido, “ontologia” é
equivalente à “Metafísica”, sistema de determinações
especulativas universais do ser. Aristóteles foi o primeiro a
formular o conceito relativo a tal teoria. Durante o período da
Idade Média, os filósofos católicos procuraram utilizar a ideia
aristotélica de metafísica para a elaboração de uma teoria do ser
que servisse de prova filosófica das verdades da religião. Esta
tendência apareceu na sua forma mais acabada no sistema filosófico
teológico de Tomás de Aquino. Na época Moderna,
(aproximadamente, a partir do século XVI), começou a entender-se
por ontologia uma parte especial da metafísica: a teoria
acerca da estrutura suprassensível, não material, de tudo o que
existe. A ideia de semelhante ontologia alcançou expressão
acabada na filosofia de Christian Wolff, que perdeu
toda a conexão com o conteúdo das ciências particulares e
estruturou a ontologia (termo que pertence ao filósofo alemão
Rodolfo Goclenius, 1613) – na sua maior parte, por meio da análise
dedutivo abstrata e gramatical dos seus conceitos (ser,
possibilidade e realidade, quantidade e qualidade, substância e
acidente, causa e efeito, etc.). Surgiu uma tendência contraposta,
nas teorias materialistas de Thomas Hobbes, Baruch
Spinoza, John Locke, dos materialistas
franceses do séculos XVIII (Julien
Offray de La Mettrie , Denis Diderot,
Claude Adrien Helvetio e Barão de Holbach),
dado que o conteúdo objetivo de tais teorias, apoiadas nos dados das
ciências experimentais, abalava objetivamente a ideia da ontologia
como disciplina filosófica de grau superior, como “Filosofia
Primeira”. A crítica que o idealismo clássico alemão (Immanuel
Kant, Georg Wilhelm
Friedrich Hegel, etc.) faziam da ontologia,
apresentava um duplo caráter: a) – por um lado, declaravam-na
isenta de conteúdo e tautológica; b) – por outro lado, a sua
crítica acabada defendendo a criação de uma nova ontologia, mais
perfeita (metafísica), a substituição da ontologia pela filosofia
transcendental (Kant), pelo sistema do idealismo
transcendental (Friedrich Wilhelm Joseph Schelling),
pela lógica (Hegel).
O
sistema de Hegel antecipou, sob forma idealista, a ideia da unidade
da ontologia (a dialética), da lógica e da teoria do conhecimento,
mostrando assim, como se devia ultrapassar o quadro da filosofia
especulativa e alcançar o conhecimento positivo e real do mundo
(Friedrich Engels). Na filosofia do século XX, como
resultado da reação face ao avanço das correntes idealistas
subjetivas (neokantismo, positivismo), fazem-se tetativas para
formar, numa base idealista objetiva uma “nova ontologia”
(ontologia transcendental de Edmund Gustav Albrecht Husserl);
“ontologia crítica”, de Nicolai Hartmann; “ontologia
fundamental” de Martin Heidegger). – Nas
doutrinas novas, ontológicas, entende-se por ontologia o sistema de
conceitos universais do ser, cognoscíveis, por meio da intuição
supra sensorial e supra racional. Vários
filósofos “católicos” fizeram sua a ideia de uma “nova
ontologia” e tentam “sintetizar” a “ontologia transcendental”
que parte de Aristóteles, com a filosofia transcendental kantiana,
contrapondo a sua ontologia à filosofia do materialismo dialético.
Na filosofia marxista, usa-se, convencionalmente, o termo ontologia,
como sinônimo da teoria acerca das leis gerais do conhecimento do
ser.
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