Thomas Morus nasceu em Londres no ano de1478. Por influência de seu pai, torna-se advogado. Morus credita parte dos seus conhecimentos às influências sofridas por pessoas de sua convivência e, que foi determinante para a formação do seu pensamento e caráter. Ao concluir sua etapa acadêmica em Oxford, fortalece mais e mais sua concepção humanista e o contato com Erasmo de Rotterdam, tornando-se assim seu discípulo.
Thomas Morus era sem dúvida um homem refletido e deliberado e, torna-se chanceler da Inglaterra, trabalhando diretamente com o rei Henrique VIII, mesmo com toda a divergência com a prática do rei que era visto por Morus como o invencível. Este todo poderoso não tendo seu desejo realizado que era ter um filho homem, que se tornasse seu herdeiro e seguidor, rompe com a Igreja Católica por não permitir seu divórcio e, funda a religião anglicana. O seu puritanismo ofende diretamente Thomas Morus que é católico e rompe relações com Henrique VIII. Logo depois faz crítica a uma das mulheres de Henrique sendo condenado a prisão perpétua e a morte.
Representante direto da filosofia Renascentista, o político Thomas Morus escreve seu principal livro de nome Utopia, onde propõe uma visão diferente de relação social. Sua Utopia era uma alternativa de vida social ideal, de Estado perfeito, onde as pessoas seriam livres e não aconteceria a exploração do homem pelo homem.
“ Thomas Morus descreve em a Utopia o que aprendeu em uma de suas viagens profissionais. A partir de um relato fictício feito a Morus pelo culto viajante Rafhael Hitlodeu que teria participado da expedição de Américo Vespúcio”
A Utopia, apresentada por Thomas Morus nada mais é que uma ilha imaginária onde as pessoas vivem uma coletividade harmoniosa e trabalham coletivamente em busca do bem comum. Aplicando o princípio da posse também comum, os habitantes da Utopia a cada dez anos trocariam de casa com o intuito de abolir a propriedade privada, na perspectiva da construção da solidariedade.
A concepção utópica de Thomas Morus buscava vivenciar uma alternativa de sociabilidade onde tudo fosse comum a todos, mas com liberdade, algo por demais essencial ao ser humano.
“Thomas Morus divide sua obra Utopia em dois livros: Onde com Rafael Hitlodeu estabelece a comunicação sobre a melhor constituição de uma república.E a segunda parte de sua Utopia foi descrita por Rafael Hitlodeu, que se divide em: as cidades da ilha, com especial menção de Amaurota; dos magistrados; das artes, dos ofícios e ocupações; da vida e das mútuas relações entre os cidadãos; das viagens dos Utopianos e outros assuntos diversos, espirituosa e habilmente discorridos; dos escravos, doentes, casamento e diversos outros assuntos; da guerra; das religiões da Utopia. Sendo assim a Utopia se apresenta numa concepção teórica imaginária de um Estado Ideal, perfeito, socialmente justo com plena liberdade religiosa. Oficializando assim uma sociabilidade teologizada, algo distante da realidade existente na Inglaterra de seu tempo. A concepção utópica de Morus revelou a sociedade renascentista graves questões sociais agonizantes que ainda resiste na sociedade capitalista atual, principalmente nas sociedades “ditas” em desenvolvimento.. Thomas Morus em A Utopia visava libertar o homem para o trabalho. Para a produção coletiva. Visando assim a prosperidade, sem miséria e sem desemprego”.
Na A Utopia de Thomas Morus todos tinham como formação educacional os estudos das artes e da agricultura, essas duas atividades, todos deveriam aprendê-las e exercitá-las. Caso seus moradores desejassem poderiam aprender uma outra atividade básica, escolhendo assim sua profissão, entre: tecelagem da lã e do linho ou aprenderem o ofício de pedreiro, ferreiro ou carpinteiro. Thomas Morus ressalta as profissões capazes de gerar alimentação, vestimenta e moradia. Outra característica marcante é a divisão do trabalho, uma vez que em A Utopia, cada pessoa trabalha apenas seis horas por dia, sendo três antes do meio dia, com intervalo de duas horas e em seguida mais outras três horas. Essa divisão permitia que se dormisse 8 horas por dia e o restante do tempo livre poderia ser utilizado da forma que cada um desejasse. Como todos trabalhavam em atividades básicas, tudo que era necessário existia com abundância e, prosperidade.
“Não há prazer proibido, desde que dele não advenha mal algum”. Assim compartilham todas as coisas materiais e não materiais de tal forma que toda a ilha nada mais seja que uma única família.
Praticar algo que lhe dê prazer, que seja bom e honesto sendo também virtuoso levará a uma grande Felicidade, onde “viver conforme a natureza, e para isso Deus nos criou”.
O respeito recíproco é regra geral na Utopia e as leis são promulgadas por um princípio justo e sancionadas pelo povo em geral. Acreditam que todas as ações e as virtudes estão intimamente ligadas ao prazer, como seu fim e felicidade.
Os prazeres do corpo são sentidos diretamente e, efetivamente percebidos facilitando um maior equilíbrio e, tornando o corpo estável e perfeito com saúde e sem dor.
Na Utopia não existe lugar para doenças incuráveis, uma vez que aquela pessoa que por ventura assim se sinta é incentivada a por cabo em sua vida, mesmo contrários ao suicídio e, tendo como pena aqueles que o pratique, o não sepultamento. A Ilha da Utopia é politeísta, muito embora tenha como princípio a existência de um poder divino, eterno, desconhecido e inexplicável e que esteja acima de todas as compreensões humanas, onde sua extensão corpórea permaneça no vácuo e toda a sua virtude seja onipresente. O homem da utopia acredita na vida após a morte. Defende a infância e a juventude como as fases cruciais para desenvolver uma boa educação que engloba o cuidar da terra e sua educação artística liberal e, que aos sacerdotes ficou a missão de ensinar as virtudes e os bons princípios e costumes para que mais no decorrer da vida seja posto em prática tais ensinamentos e aprendizados.
Na Ilha da Utopia não existe nada de particular, pois todos os bens existentes pertencem ao conjunto da sociedade, eliminando assim a possibilidade de existir pobres e mendigos: “Embora ninguém possua coisa alguma, todos são ricos”.
“Eis o que invencivelmente me persuade que o único meio de distribuir os bens com igualdade e justiça, e de fazer a felicidade do gênero humano, é a abolição da propriedade privada”. A Utopia foi, portanto um golpe nas Sociedades Inglesas e Européias do século XVI, uma vez que criticou o liberalismo econômico, sobretudo à livre concorrência e investiu nas formações de comunidades auto-suficientes, onde os homens, através da livre cooperação coletiva, teriam suas necessidades satisfeitas. Formando organização em escala nacional, de um sistema de cooperativas de trabalhadores que negociaria, entre si, a troca de bens de serviços. Atuação efetiva do Estado que, através da centralização estatal da economia, evitaria os abusos típicos do capitalismo.
Desde o século XVI até os dias atuais a utopia foi vivida, sonhada e alimentada de todas as formas nos diferentes pontos de todo o planeta terra. A história registra os vários movimentos revolucionários, conservadores e modelos de sociedade e de Estado que povos de todo o mundo criaram, buscaram e viveram. Desde a época de Morus até agora a humanidade tem vivido ou assistido a guerras e conflitos diversos a favor ou contra as variadas formas de política e economia que foram surgindo ao longo dos séculos. Esquecendo assim a paz sonhada para uma Sociedade justa fraterna e solidária.
Tudo isso em nome de anseios e desejos de bem estar comum ou individual, conforme a utopia de cada um, de cada nação ou de cada governante em nome de sua nação. Sendo assim, o sujeito utópico existente nos dias atuais se empenha em atingir a plenitude humana por via da ação política
Por fim, o livro termina com Thomas Morus dando conta de que Inglaterra, e Europa jamais em toda sua história irão adotar uma visão idealizada, sonhada na perspectiva de libertação humana.
BIBLIOGRAFIA
MORUS, Thomas – A Utopia. Luis de Andrade e Mauro Brandão Lopes – Ediouro/20318 (Coleção Universidade de Bolso)