Talvez
hoje mais uma vez você me pergunte por onde andei e lhe confesso meu
amigo que meus vinte e cinco anos de América do Sul certamente
transbordaram o tempo em que você sonhava, pois nas paralelas do
destino vivi a fúria das cidades grandes e até soltei a minha voz
na noite d'um cabaré sem interesse maiores das teorias momentâneas
e nem nas suas fantasias, pois amar e mudar as coisas são bem mais
interessantes que cravos e espinhos no rosto e que “El condor passa
sobre os Andes e abre as asas sobre nós.
Meu
bem não pense em Paz, pois meu coração selvagem tem essa pressa de
viver e ao trilhar caminhos errados possa nem justificar meu olhar
lacrimoso que agora trago e tenho. Confesso que faz tempo, muito
tempo que estou longe de casa e sem aquele velho blusão de couro,
sem minha rede branca e sabendo que minha normalista linda está em
outros campos bem distante de um estudante nordestino que mesmo
angustiado como um goleiro na hora do gol, vive a emoção da paixão
e filosofando aos quatro cantos tenta gozar no Céu ou inferno da
efemeridade, pois o passado já não nos serve mais e que uma nova
mudança em breve vai acontecer meu amigo.
Mesmo
não lhe falando das coisas que aprendi nos discos, a minha história
é talvez igual a tua, jovem que desceu do norte que no Sul viveu na
rua. Assim, quero que saia do meu caminho, pois não preciso que me
digam de que lado nasce o sol. Eu sei que a felicidade é uma arma
quente e, presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
que na hora do almoço sente um certo medo, seu moço. Eu não sou do
sertão dos esquecidos, conheço o meu lugar e quero uma balada nova,
pois nossas esperanças de jovem não aconteceram neste presente
instante e senão sangrar será uma grande ironia do meu coração
que mesmo vivendo assim, não me esqueceu de amar.
Crédito Foto: Internet - arte: Airton Amaral